O filme do Wagner Moura e do Sharlto Copley, com a participação do Matt Damon.
Depois do estrondoso "Distrito 9", Neil Blomkamp estreia de verdade em Hollywood, sendo em muitos momentos carregado nas costas pela escolha ótima do elenco secundário, que tira o brilho do protagonista falho e das cenas de ação muitas vezes mal encaixadas e que deixam de lado o enredo, este sim, ótimo. "Elysium" é um filme de ação comum, desses que lançam todo o ano, mas com uma história mais elaborada, dando espaço para atuações muito, mas muito boas. E as melhores delas não são de nenhum americano.
Max (Matt Damon), um ex-delinquente que tenta se redimir na vida trabalhando honestamente, sofre um grande acidente em sua fábrica. A partir desse momento, restam-lhe poucos dias de vida. Sua única salvação é ir para o paraíso fabricado, a base estelar na órbita da Terra, Elysium, onde não se adoece, é quase impossível que se morra e toda e qualquer enfermidade pode ser curada. Mas ele é pobre, e só os ricos podem estar nos céus. Começa aí uma jornada, que critica a sociedade de todo o mundo, onde as desigualdades são extremamente grandes. Não só isso, como a superpopulação, o desgaste dos recursos da Terra, a falta de organização justa no ambiente de trabalho... O quê deixa o roteiro bem diferente do quê vemos hoje em dia por aí, e relembra algumas críticas em "Distrito 9". Porém, o quê o antecessor não tinha - pelo menos não aos montes - eram as cenas de ação, que quebram o ritmo da história que ia tão bem. Como se, para se provar como um filme para a grande massa, ele precisasse ter essa quantidade de brigas, perseguições, tiroteios e tudo mais. Assim, o filme se consolida como definitivamente, um filme de ação pura, e em certas partes parece um filme - como um gosto de chamar - de ação para ação.
E quando a história parece sair do rumo, Wagner Moura e Sharlto Copley a trazem de volta a Terra (de certo modo, literalmente). O brasileiro, estreando em Hollywood, entrega uma belíssima atuação, tendo pulso firme, soltando a melhor piada do filme (lá no finalzinho) e ainda conquistando o público na parte do tempo em que aparece mais do que Damon consegue em todo o longa. O sotaque (cada um carrega o seu próprio) é forte de propósito, e até um português sai ali. Mas quem me conquistou, quem eu poderia passar o dia ouvindo, é o sul-africano Copley. Simplesmente o mais badass de tudo! Tanto que dá até pra torcer pra ele numa sequência (só em uma, ele é um cara malvado demais). Jodie Foster e Alice Braga tem papéis muito importantes, mas também muito pouco tempo de tela. Dá pra esquecer da americana em meados da trama, e da brasileira também (Alice, engraçadamente, é a única pessoa limpa da Terra inteira).
Outras coisas incomodam, mas muito pouco: a trilha sonora, que não sabe se vai se focar em temas "eletrônicos" ou "clássicos"; e também a famosa câmera na mão, que vira e mexe se foca direto no sol, deixando tudo extremamente branco no planeta. Mais até do quê em Elysium, onde tudo já é branco.
No fim, o novo longa-metragem de Blomkamp tenta ir pro lado "Vamos faturar" e esquece um pouco o lado "Peraí, isso aqui deveria fazer sentido pro cara". Se o filme é bom? Sim, ele é. Mas além de não cumprir qualquer expectativa criada por Distrito, não cumpre as próprias. É um filme de ação que por sinal lembra muito "Robocop". Só. Com um vilão muito fodão e o Wagner Moura falando palavrão.
0 comentários:
Postar um comentário